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quinta-feira, 22 de agosto de 2013

CASA BRANCA DA SERRA

Oi amigos, tudo bem? Estou começando, hoje, uma nova fase de postagens no Blog do Bicho do Mato. Nesta nova fase vou postar algumas das poesias que escrevi em minha mocidade. Para identificar essas poesias, abrirei cada postagem com a primeira estrofe deste soneto do poeta português “Manuel Maria Barbosa Du Bocage”:

“Incultas produções da mocidade 
Exponho a vossos olhos, ó leitores: 
Vede-as com mágoa, vede-as com piedade, 
Que elas buscam piedade, e não louvores. 

Ponderai da Fortuna a variedade 
Nos meus suspiros, lágrimas e amores; 
Notai dos males seus a imensidade, 
A curta duração de seus favores;

E se entre versos mil de sentimento 
Encontrardes alguns cuja aparência 
Indique festival contentamento, 

Crede, ó mortais, que foram com violência 
Escritos pela mão do Fingimento, 
Cantados pela voz da Dependência.”


Não espero que gostem, pois, as poesias são, ainda, mais rústicas que as que eu tenho postado, mas, peço que leiam e comentem, pois, isso me fará feliz.

E, para começar, vou postar a primeira poesia que escrevi há dezenove anos, isso foi em meados de 1994, eu tinha dezesseis anos. O texto, na verdade, é a letra de uma música caipira que pode ser cantada no ritmo de “moda de viola”, é tecnicamente muito ruim, é só para mostrar como eram meus primeiros textos. Às vezes, na roça, trabalhando, eu criava as composições e as memorizava, só depois as escrevia, isso me custou muitas perdas, pois, acontecia, às vezes, de eu me distrair com outras coisas e esquecer a poesia antes de escrever, mas, sobraram muitas e nos próximos dias, conforme dito acima, vou postá-las aqui.

Só peço que não caçoem dos textos, levem em consideração que foram criados por um semianalfabeto, brotaram de um solo completamente bruto e foram regados pela dor, mágoa e desprezo...


Abraços a todos.

CASA BRANCA DA SERRA

Na casa branca da serra
Lugar onde eu nasci,
Junto com meus irmãozinhos
Foi lá mesmo que cresci,
Com papai e com mamãe,
Todos gostavam de mim,
Mas, o destino ingrato
Nessa união pôs fim.

Há muitos anos atrás
De lá eu me despedi,
Minha mãe falou chorando:
―Meu filho não vá partir!
Eu disse para mamãe:
―Lamento, mas devo ir,
Aqui não posso ficar...
(Vi seu coração partir).

Joguei a mala nas costas
E segui o meu caminho
E muitas léguas, distante,
Hoje vivo tão sozinho,
Sem papai e sem mamãe,
Os amigos e os maninhos,
Vivendo com a saudade
Neste meu triste ranchinho.

Um filho que sai de casa
Sorte ele não pode ter,
Pois, ele deixa pra trás
Um coração a sofrer,
Da sua velha mãezinha
Que o ajudou a crescer,
Sozinha triste a chorar,
Vai sofrendo até morrer.

A mulher que eu amava,
Por quem meus pais eu deixei,
Mais tarde também foi embora
E na solidão fiquei,
Recordando os bons momentos
Que com meu povo passei...
À casa branca da serra,
Um dia eu retornarei.

7 comentários:

  1. Uma poesia linda e muito comovente Marcos. Um beijo.

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  2. Bom dia amigo Marcos, você é um gênio, um semianalfabeto muito sábio viu? Amigo eu tenho ideia como você se sente,eu também não estudei, sou semianalfabeta inteligente que lê muito. Queria ter sua sabedoria de analfabetismo genial!
    Muito linda e triste sua poesia, uma história contada em versos emocionantes na... Casa branca da serra.

    Tenha uma sexta-feliz!

    Bjs
    MARIA MACHADO

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  3. Marco minha Ilha tremeu brancamente com estes textos que tocam a alma...Um beijo meu querido, desculpa o sumiço mas ando arrumando as malas para daqui 2 semanas sumir :D bjs no coração.

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  4. Olá, amigo Marcos!

    Mas quem pode troçar dos bons sentimentos e do arrependimento?

    Uma poesia, que mostra muito bem seu percurso de vida.

    PARABÉNS, PELO RETORNO À CASA BRANCA DA SERRA!

    Abraço afetuoso da Luz.

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  5. Bom dia,Marcos
    O seu poema é muito bonito!Relata factos da vida,com sinceridade e uma certa mágoa. Chega um momento em que,cada um,tal como os passarinhos,tem de saltar do ninho e ter a sua independência.Custa muito e os pais sofrem,se sofrem!!!
    Aproveitando que estou aqui ,quero agradecer a recomendação que faz do meu blog: muito obrigada.
    Saudações da
    Beatriz

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  6. Saltitando pelos seguidores de blogues... cheguei aqui e não achei nenhum analfabeto. Pelo contrário: vejo um conhecedor dos assuntos da vida, bem atento.
    Gostei.
    Vou aparecer mais vezes.
    Abraço
    Teresinha

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